segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Campanha Científica do Projeto Chuva Terá Sistema de Alerta no Vale do Paraíba



(INPE / Brazilian Space) Os preparativos da campanha do Projeto Chuva, no Vale do Paraíba, estão em curso neste mês de outubro e envolvem a instalação de diversos equipamentos entre o Litoral Norte paulista e o Vale do Paraíba. No domingo (23/10), foi içado ao topo do prédio do Parque Tecnológico da UNIVAP (Universidade do Vale do Paraíba) o radar de dupla polarização, de última geração, para coleta de dados e monitoramento de chuvas. Outros equipamentos estão sendo instalados em Ubatuba, Caraguatatuba, Paraibuna, Jambeiro, São José dos Campos, Cachoeira Paulista e São Luiz do Paraitinga.

Coordenada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), a campanha científica é a quarta de uma série de sete com o objetivo de compreender os diferentes regimes de chuva do País.

SOS Vale do Paraíba
A abertura da campanha será realizada no auditório do Parque Tecnológico da UNIVAP no dia 31 de outubro, segunda-feira, às 14 horas. Os experimentos terão quase dois meses de duração, com encerramento previsto no dia 22 de dezembro. O centro operacional do projeto ficará no Parque Tecnológico da UNIVAP, onde também estará funcionando um moderno e sofisticado sistema de monitoramento de tempo severo, o SOS Vale do Paraíba, que fornecerá monitoramento e previsões de alta qualidade, com resolução de até um quilômetro, capaz de prever chuvas com duas horas de antecedência.

Um sistema geográfico de informações integrado ao radar e a outros equipamentos do projeto irá simular os impactos das chuvas por bairros e ruas, de acordo com a precipitação acumulada. Unidades da Defesa Civil da região e o Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN), do MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação), poderão acompanhar e utilizar os produtos do SOS Vale do Paraíba.

Luiz Augusto Machado, pesquisador do CPTEC/INPE e coordenador do projeto, explica que a pesquisa de campo irá cobrir dois eventos meteorológicos típicos na região nesta época do ano. O primeiro deles, a tempestade severa, acompanhada de fortes rajadas de ventos, chuvas intensas, granizo, que costuma provocar grandes estragos, principalmente nos centros urbanos, com destelhamento de casas e alagamentos.

O segundo tipo de chuva é aquela contínua, que permanece por dias seguidos, provocada pela Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS). Trazem grandes acumulados em alguns dias, devido à permanência de bandas de nebulosidade que se posicionam entre o noroeste e o sudeste do País, faixa que engloba o Vale e Litoral paulista. As chuvas de ZCAS costumam provocar inundações e deslizamentos de terra, como as de São Luiz do Paraitinga (SP) e Angra dos Reis (RJ), em 2010, e em Teresópolis (RJ), no início deste ano.

Nuvens de Chuva
O projeto definiu sete regiões para a realização das campanhas, que englobam os principais sistemas convectivos do País. Nesta edição, será realizada a campanha Geostationary Lightning Mapper (GLM, traduzida como Mapeador Geoestacionário de Relâmpagos), parceria que envolve o INPE, companhias de energia, NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration), EUMETSAT (European Organisation for the Exploitation of Meteorological Satellites) e a Vaisala.

O objetivo do Projeto Chuva é compreender com maior refinamento processos micro-físicos ainda desconhecidos da evolução das nuvens de chuva que ocorrem na escala de alguns quilômetros.

O novo supercomputador do INPE, o Tupã, mais potente que o anterior, trouxe a possibilidade de utilizar modelos numéricos de tempo e clima de maior resolução, com capacidade para descrever processos atmosféricos com maior detalhamento. A expectativa é de que os esforços para transcrever matematicamente os fenômenos observados nos modelos possam gerar previsões mais bem detalhadas, de melhor qualidade e de maior confiabilidade.

Segundo Machado, os resultados da pesquisa irão orientar ainda às especificações de softwares para estimar a precipitação por satélite e radar. Também irá apoiar uma possível participação do Brasil no programa Medidas Globais de Precipitação (http://www.aeb.gov.br/mini.php?secao=gpm) - Global Precipitation Measurement (GPM) -, liderado pelas agências espaciais dos Estados Unidos (NASA) e do Japão (JAXA). Haverá ainda aplicações na pesquisa de mudanças climáticas, com o melhor entendimento dos efeitos dos aerossóis (partículas suspensas na atmosfera de origem natural ou associadas à poluição) na formação das nuvens de chuva.

Já a campanha GLM, de medidas tridimensionais de descargas elétricas, irá contribuir com o desenvolvimento de modelos de estimativa de relâmpagos que serão rodados a partir de dados gerados pela futura geração de satélites geoestacionários da NOAA e da EUMETSAT. Além do radar meteorológico, a campanha utiliza radares de apontamento vertical para medir os perfis verticais das nuvens; Lidar, para particulados na atmosfera; uma rede de GPS, para umidade na atmosfera; radiossondas, para medidas em alta resolução da dinâmica e termodinâmica da atmosfera; disdrômetros, para medir os tamanhos das gotas de chuva; pluviômetros, para quantificar as chuvas; uma torre de medidas dos fluxos na superfície; e radiômetro de microondas, para quantificar a água líquida das nuvens.

Colaboração
O Projeto Chuva é coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Participam cerca de 50 técnicos, engenheiros, pesquisadores, meteorologistas, entre outros especialistas do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) e Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT), do INPE, IAG/USP, IAE e IEAv, do DCTA, NOAA e EUMETSAT e a empresa Vaisala. O Instituto de Geociências da UFRJ também está colaborando com a promoção do curso voltado a alunos de graduação que antecede em uma semana o início da campanha científica.

Mais informações sobre o Projeto Chuva podem ser conferidas na página http://chuvaproject.cptec.inpe.br/portal/br/. Informações sobre o experimento no Vale do Paraíba estão disponíveis no link “experimentos”, opção CHUVA-GLM-Vale do Paraíba.

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