sábado, 12 de fevereiro de 2011

Brasil fabricará satélite para prever temporais

Projeto, em parceria com os Estados Unidos, custará US$ 70 milhões; lançamento deve ser feito em 2015

(O Globo) A tragédia na região serrana do Rio de Janeiro causada pelas chuvas levou o Ministério da Ciência e Tecnologia a dar carta branca ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), para investir na construção de um satélite de monitoramento de precipitações. O GPM (sigla em inglês para medida de precipitação global) será fabricado em parceria com os Estados Unidos e vai custar aos cofres públicos o equivalente a US$ 70 milhões (R$ 116 milhões), nos próximos quatro anos. A ideia da Nasa é fazer o lançamento em 2015.

"Já há uma decisão no âmbito do ministério e da Agência Espacial Brasileira. O (Aloizio) Mercadante foi consultado e está de acordo. Estamos bastante tranquilos em relação ao apoio do governo brasileiro", afirmou o diretor do Inpe, Gilberto Câmara.

No projeto, os EUA entram com os sensores e o Brasil com o suporte energético e de telecomunicações para o satélite. O principal obstáculo, neste momento, é a licitação para a escolha do foguete lançador. O diretor do Inpe descarta o uso dos ucranianos Cyclone 4, a partir da base de Alcântara (MA). Segundo ele, não há garantia de que o projeto, tocado pela binacional Alcântara Cyclone Space, esteja operacional a tempo.

Gelo em nuvem
O secretário de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico do MCT, Carlos Nobre, explica que o GPM terá o mecanismo de prevenção mais preciso que existe para monitorar a característica de uma chuva, especialmente a temperatura no interior das nuvens e sua densidade. O sistema que hoje fornece informações ao Brasil não dispõe dos sensores do GPM para avaliar a dimensão de uma tempestade. O Brasil também não tem garantias de receber informações em tempo adequado, o que faz diferença para a emissão de um alerta preciso.

"Ele (o GPM) olha processos físicos que o sistema atual é incapaz de observar. Informações como se há gelo no interior das nuvens. O GPM será muito bem-vindo", diz Nobre.

O chamado GPM Brasil integrará uma família de satélites de órbita baixa que devem monitorar as precipitações em todo o planeta. Os Estados Unidos e o Japão estão construindo a "nave mãe", equipamento de tecnologia altamente avançada, capaz emitir microondas e captar as informações da atmosfera.

No dia 26 de abril, os patrocinadores do projeto se reúnem em Fortaleza (CE) para analisar o cronograma. No encontro, de acordo com Luiz Augusto Machado, pesquisador do Centro de Previsão do Tempo do Inpe, também será decidido se os países não patrocinadores receberão informações ao mesmo tempo que Brasil, EUA e Japão.

"No caso do Rio, se o GPM tivesse passado (na órbita equatorial na época das enxurradas), teríamos a possibilidade de saber o que estava acontecendo. Ter parte do projeto é a única garantia de que o Brasil vai receber as informações no tempo adequado" diz Machado.
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(ACS) "Nota de esclarecimento - Reportagem de "O Globo"O Diretor-geral da Alcântara Cyclone Space, parte brasileira, Roberto Amaral, manifestou sua estupefação diante de declaração publicada no O GLOBO de hoje (p.15), na qual se lê que "O diretor do Inpe descarta o uso dos ucranianos Cyclone 4, a partir da base de Alcântara (MA)" (para o lançamento do GPM, o novo satélite brasileiro para previsão de temporais). Segundo o diretor do INPE, "não há garantia de que o projeto tocado pela binacional Alcântara Cyclone Space (sítio de lançamento de Alcântara) esteja operacional a tempo". Ora, a fabricação do GPM está programada para 2015 (admitamos que não ocorram adiamentos) e o lançamento de qualificação do Cyclone a partir de Alcântara está marcado para o primeiro semestre de 2012. Em que se baseia o raciocínio do diretor do INPE? Simples desinformação?"

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