sexta-feira, 15 de abril de 2011

Prognósticos de furacões para 2011 são falíveis

William Gray, da Universidade do Colorado, prevê temporada muito activa



(Ciência Hoje - Portugal) Foram apresentadas recentemente previsões sobre a época de furacões no próximo Verão no continente americano. Estas anunciam uma temporada muito activa – acima da média dos últimos 50 anos. Apesar de não serem explícitas ao ponto de indicarem o sítio e a data dos furacões, as previsões, da autoria de William Gray, da Universidade do Colorado, estabelecem o prognóstico geral da temporada. O investigador faz este trabalho desde 1984.

O português Rui Ponte, investigador principal no departamento de Atmosfera e Oceanos, na companhia Atmospheric and Environmental Research (Massachusetts, EUA), não envolvido neste estudo, indicou ao «Ciência Hoje» que “estas previsões com vários meses de antecedência são ainda experimentais e não têm sido muito bem sucedidas em anos precedentes”.

As previsões foram publicadas por Gray e Phil Klotzbach no dia 6 de Abril e indicam que se formarão 16 tempestades tropicais, das quais nove podem atingir a categoria de furacão e cinco de grande furacão. A probabilidade de um grande furacão de categoria 3, 4 ou 5 alcançar a costa leste dos Estados Unidos é de 72 por cento. Nas Caraíbas é de 61 por cento.

Estes números, a cumprirem-se, farão deste ano o mais activo das últimas cinco décadas, anos em que se registou uma média de dez tempestades tropicais, seis furacões e dois grandes furacões.

O investigador utiliza nas suas previsões o índice ACE (Accumulated Cyclone Energy) que especifica a quantidade de dias em que se registam ventos fortes. Com este sistema pode medir-se mais correctamente o poder destrutivo de todos os ciclones tropicais de uma temporada. Para este ano, o índice será de 160 dias, quando a média dos últimos 50 anos é de 69.

Uma das razões apontadas por Gray para o aumento da actividade é a temperatura da água do Atlântico tropical, que este ano é anormalmente alta. Rui Ponte explica que este deve ser um factor a ter em conta já que os furacões “devem a sua força ao calor que se liberta quando há condensação de vapor de água. Quanto mais quentes forem as águas à superfície, mais fácil se torna a sua evaporação e, por conseguinte, mais condensação e mais transferência de calor do oceano para a atmosfera”.

No entanto, o investigador português considera que “uma boa previsão este ano não significa que o problema está resolvido. Será necessário esperar vários anos para poder testar a fiabilidade das previsões”.

Tanto é que, este ano, o método usado utilizado pelo investigador norte-americano para as previsões “sofreu algumas modificações”. No entanto, como instrumento de investigação, estas previsões “são deveras importantes, pois vão ajudar a perceber quais são os indicadores essenciais para uma boa previsão a mais longo prazo”.

William Gray pôs à disposição de todos os internautas a página web www.e-transit.org/hurricane/welcome.html, com dados de probabilidade para 205 condados dos Estados Unidos – do Texas ao Maine – assim como para 32 países e ilhas das Caraíbas e da América Central.

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