segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Vídeo mostra raios saindo de torres eólicas da Espanha em direção ao céu

Fenômeno chamado de raio ascendente é provocado pela ocupação humana. Descargas são estudadas porque causam prejuízo à indústria de energia.


(G1) Pesquisadores da Espanha gravaram o momento em que raios ascendentes – descargas que saem de objetos no solo e seguem em direção ao céu - partem do alto de torres de geração eólica instaladas no nordeste do país.

O vídeo foi feito em julho de 2012, mas divulgado no início de fevereiro deste ano em estudo publicado no periódico “Journal of Geophysical Research”, liderado por Joan Montanyà, da Universidade Politécnica da Catalunha.

Nas imagens é possível ver, em câmera lenta, os raios saindo das pás das torres eólicas. De acordo com a investigação científica, esse tipo de fenômeno causa prejuízo milionário todos os anos às indústrias de energia, por isso a necessidade de estudá-lo para evitar gastos.

Os raios ascendentes só existem devido à ocupação humana. As cidades têm passado por um processo intenso de verticalização, com a construção de prédios e torres com tamanhos superiores a cem metros de altura que se tornam “berços ideais” para que o fenômeno ocorra.

A formação dessas descargas elétricas funciona da seguinte maneira: o topo das torres de transmissão ou de energia, normalmente metálicas e com para-raios instalados, concentra uma alta carga elétrica negativa nas pontas.Quando uma nuvem de tempestade, carregada de partículas positivas, se aproxima desses pontos, pode promover uma interação que faz as partículas elétricas concentradas nas torres em terra liberarem uma descarga em direção ao céu.

Esse raio chega a medir 2 km de comprimento e, quando encontra a base da nuvem de tempestade, forma ramificações que lembram raízes. É a "tentativa" do raio de se conectar com a nuvem.

A descarga ascendente tem duração de até dois segundos, mais que o dobro do tempo que dura um raio comum, que risca o céu por pouco mais de meio segundo.

Ainda não se sabe sua potência e intensidade. Mas descargas elétricas normalmente atingem o solo com 100 milhões de volts. Já a intensidade da corrente de um raio é, em média, de 30 mil ampères. Para se ter uma ideia, essa corrente é mil vezes mais intensa do que a de um chuveiro elétrico.

Fenômeno acontece no Brasil
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), por meio do Grupo de Eletricidade Atmosférica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Elat), investiga o assunto no país.

Cerca de 1% dos 57,8 milhões de raios que atingem o Brasil todos os anos são ascendentes.

O G1 divulgou que, em uma tempestade que atingiu a cidade de São Paulo no dia 16 de janeiro, pesquisadores registraram raios ascendentes no Pico do Jaraguá, ponto mais alto do município de São Paulo, e na Avenida Paulista.

Foram 13 em um único dia, durante uma tempestade, sendo que 11 “disparos” ocorreram em apenas 45 minutos.

Os raios partiram do alto de torres de transmissão instaladas no pico, localizado na Serra da Cantareira, e de antenas da região da Avenida Paulista. Os dois locais são frequentemente estudados pelos cientistas do Elat.

Eólicas do Brasil podem ter fenômeno
Segundo Marcelo Saba, do Elat, turbinas eólicas instaladas no país estão sujeitas a esse tipo de fenômeno. “Ainda não filmamos raios nestas torres e também não tenho registro de que alguém tenha visto acontecer. Isso é compreensível, pois estas torres ficam longe das grandes cidades”, explica Saba.

Ainda de acordo com o pesquisador, esse tipo de descarga elétrica causa danos graves ao gerador eólico, como a queima da turbina e a explosão das pás que giram.

“O fato de estarem em movimento aumenta ainda mais a chance de iniciarem o raio”, complementa. “Pretendemos filmar estes raios nestes geradores eólicos assim que possível”, conclui Saba.

Esse tipo de raio não oferece risco a humanos, já que não atinge o solo, mas isso não significa que é possível se descuidar e descartar regras básicas de proteção contra descargas. Por isso, em um dia de tempestade, mantenha-se em local fechado e protegido e não fique em áreas descampadas quando há muitos relâmpagos.

Levantamento feito pelo Elat, a partir de dados da Defesa Civil, do Ministério da Saúde e reportagens veiculadas em jornais, aponta que 2.640 pessoas de todo o país morreram atingidas por descargas entre 1991 e 2010. Por ano, morrem 130 pessoas vítimas de raios no Brasil.
----
Matéria com vídeo e infográfico aqui

Nenhum comentário:

Postar um comentário