segunda-feira, 26 de maio de 2014

El Niño pode voltar mais forte e acelerar o aquecimento global

(UOL) O El Niño pode estar de volta em breve, e ocasionando sérias catástrofes. O fenômeno climático assim batizado, um aquecimento atípico das águas tropicais do leste do Oceano Pacífico, provavelmente será reeditado nos próximos meses, de acordo com previsão do Centro de Previsão Climática (CPC) da agência federal americana para o clima. Além de provocar catástrofes pontuais pelo mundo, o El Niño pode desencadear uma fase crítica do processo de aquecimento global, que parecia estagnado nos últimos 15 anos.

O CPC divulgou, na semana passada, que há 58% de chance de que El Niño reapareça nos próximos três meses. Até outubro, início do outono do hemisfério Norte, a proabilidade sobe para 78%.

Quando acontece o El Niño, o aquecimento em pelo menos meio grau Celsius das águas tropicais do Pacífico interage com a atmosfera e interfere no clima, causando secas, tempestades, incêndios e enchentes. A última ocorrência do El Niño foi entre 2009 e 2010, e antes dela houve uma bastante grave, entre 1997 e 1998, que causou mortes e estragos de bilhões de dólares ao redor do mundo.

Outra questão crucial para os estudiosos do clima é se o próximo fenômeno climático terá proporções grandes o suficiente para empurrar o mundo à fase mais quente da Oscilação Decenal do Pacífico (ODP), um ciclo climático que dura de 20 a 30 anos e está relacionado ao El Niño. Ao menos desde 1997, a ODP esteve numa fase fria; voltar à fase quente significa que o fenômeno do El Niño pode se tornar mais frequente. Isso permitiria que calor do oceano fosse liberado na atmosfera, ocasionando um salto no aquecimento global. "Este pode ser um ano importantíssimo", diz Trenberth. pesquisador da Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica de Boulder, no Colorado.

Para Trenberth, a próxima ocorrência do El Niño pode ser comparável à de 1997. O cientista vem monitorando o nível do mar e já notou uma diferença de 20 centrímetros entre as pontas leste e oeste da faixa tropical do Pacífico, explicada pela ação de ventos associados ao fenômeno La Niña, que também contribui para o acúmulo de água quente na região das Filipinas. "Agora essas águas começam a dispersar, e será difícil pararem. Acho que nunca vimos nada parecido", afirma.

Anthony Barnston, cientista do Instituto de Pesquisa em Clima e Sociedade da Universidade de Columbia, em Nova York, acredita que é muito cedo para dizer se o próximo El Niño será tão forte. "A mídia está ecoando a previsão de chegada de um evento muito forte, e acho que isso é prematuro", afirma. Segundo ele, maio é um mês atípico nos sistemas climáticos tropicais e ventos instáveis poderiam tanto acentuar quanto enfraquecer o El Niño em formação.

Vamos torcer para que maio traga boas notícias aos climatólogos.

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