terça-feira, 5 de novembro de 2013

Portugal quer prever trovoadas com 30 minutos de antecedência

Fenómeno natural pode estar a aumentar em Portugal, bem como noutros países.


(Público - Portugal) O possível aumento de trovoadas em Portugal está a ser estudado pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), que tem sido relatado pelas empresas de electricidade e telecomunicações. Além disso, o IPMA quer reforçar a rede de observação para poder fazer previsões com meia hora de antecedência.

“Aparentemente, tem sido evocado pelos operadores um aumento de trovoadas atmosféricas e temos um grupo a trabalhar nesse assunto”, com colaboração da EDP Distribuição, disse à agência Lusa o presidente do IPMA, Miguel Miranda.

“Existe, aparentemente, um aumento significativo de trovoadas em Portugal, em particular no continente, e vai ser absolutamente necessário reforçar a rede de observação.”

O tema faz parte do trabalho conjunto que o instituto desenvolve com entidades parceiras de outros países, como a China. “Este aumento não está a ser observado apenas em Portugal.” Também as empresas e instituições dos sectores afectados de outros países têm relatado esse aumento.

“Não temos ainda uma avaliação científica do assunto. Estamos a rever todos os dados das últimas décadas para detectar se existem sinais de variação e encaramos seriamente, em colaboração internacional, o reforço da rede de observação”, realçou Miguel Miranda.

Entre as actividades mais afectadas pelos fenómenos naturais, como vento ou trovoada, estão as telecomunicações, a rede de distribuição energética e a aviação.

“Alguns parâmetros de variação do clima têm sido detectados em particular pelas empresas que trabalham no território nacional e que são muito sensíveis às variações das condições atmosféricas que envolvem o vento. No ano passado, tivemos dois ou três acontecimentos de máximos de vento com prejuízos muito significativos nas linhas de transmissão de energia.”

A actual capacidade do IPMA de seguir fenómenos extremos, garantiu Miguel Miranda, “é razoável”. Se o IPMA terminar a rede de radares e melhorar a rede de detecção de trovoadas (raios), será capaz de “seguir com uma hora ou meia hora de antecedência todos os fenómenos extremos”, o que já é realizado para a aviação.

Miguel Miranda salientou que este é um trabalho de “enorme responsabilidade”, pois qualquer variação cientificamente estabelecida poderá envolver variações dos prémios dos seguros, dos níveis de responsabilidade, dos padrões de construção dos edifícios e das linhas de transmissão. “Só uma autoridade independente que não dependa de interesses, para quem o país seja a única prioridade, é que tem a capacidade de fazer este tipo de avaliação.”

Os operadores de telecomunicações, de energia ou transportes “vão ter de se preparar na próxima década para modificações na forma de trabalhar, para saber gerir a informação de que, por exemplo, há um pico de vento previsto para a próxima meia hora”.
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E mais:
Trovoadas podem estar a aumentar em Portugal (DN - Portugal)

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