quarta-feira, 26 de março de 2014

Águas e tormentas de outono

(O Globo) Nas regiões subtropicais, como o Sul do país e o Uruguai, o encontro da corrente marinha quente do Brasil com a corrente fria das Malvinas, favorece a ocorrência de vórtices (redemoinhos) e a consequente mistura dessas águas. Nessa região é comum também a presença de ciclones. E assim, nos deparamos com um fenômeno importante para a ocorrência de fortes tempestades, como a possibilidade de furacões.

Quando temos um verão muito quente, como o deste ano, as diferenças de temperatura entre os trópicos e as regiões polares se tornam mais acentuadas. Isso provoca choques entre correntes mais frias com as mais quentes e o resultado disso são os vórtices. Com a chegada do outono, ontem, inicia-se a época das tempestades do Atlântico Sul e a maior presença de ciclones na região subtropical do Brasil. Os ciclones trazem as tempestades, e encontram os vórtices numa região de mistura de águas frias e quentes, com muitos turbilhões tentando sobreviver aos turbulentos choques das grandes correntes marinhas. Então, se um ciclone extratropical se acoplar a um vórtice quente, o resultado é um fenômeno tão intenso que pode ser capaz de gerar um furacão.

As misturas entre as águas quentes dos oceanos com as massas quentes de ar quente da atmosfera podem gerar ciclones tropicais (também conhecidos como furacões), em vez de gerar um ciclone extratropical. Não é um fenômeno comum, mas o que formou o primeiro furacão Catarina, em 2004, foi justamente o acoplamento perfeito entre um vórtice quente da corrente do Brasil, com um ciclone, que ao passar das horas se transformou num furacão.

Importante destacar, que não só o Sul do Brasil tem vórtices. Eles existem ao longo de toda a região Sudeste, em São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Os vórtices oceânicos quentes podem ser acoplados a ciclones e gerar furacões, como o furacão Arani em 2011 na região próxima a Cabo Frio, Rio de Janeiro, que ficou no mar e não tocou a terra.

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